05/05/11

"Se estou contente, querido*,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
Não. Ai não; falta-me a vida
Sucumbe-me a alma à ventura
O excesso de gozo é dor.
Dói-me a alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida - ou a razão."
Almeida Garret.

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